Engenhos do Brejo Paraibano

 
Pintura de um engenho de açúcar em 1816 movido a força da Roda d'Água
 
A civilização dos engenhos do Nordeste brasileiro deixou raízes profundas, tanto que ainda sobrevivem não só na memória local, mas concretamente. Não são apenas construções seculares abandonadas, como em muitos casos, mas também a manutenção de uma atividade que represente a riqueza da região nordestina em determinada época.
Os engenhos no interior nordestino surgiram bem depois dos engenhos localizados na faixa litorânea. Há registros da existência de engenhos no Brejo Paraibano desde a segunda metade do século XVIII. Tal fato depreende-se da referencia feita por Horácio de Almeida em sua obra: Brejo de Areia de 1958, ao Governador da Capitania da Paraíba, Francisco de Miranda Henriques: “Homem probo e moderado, governou a Capitania da Paraíba de 1761 a 1764. Terminado o governo fixou-se em Areia, no engenho Bolandeira, onde veio a falecer em avançada idade”.
Diante da informação acima, infere-se que os primeiros engenhos do município de Areia surgiram há cerca de 240 anos. Esse registro é o mais fidedigno que existe em termos do aparecimento dos engenhos no Brejo Paraibano, consequentemente, o mais citado. Entretanto, tomando como base menções feitas pelos habitantes de Areia, não se descarta a possibilidade de ter engenhos antes dessa época, a despeito ausência de comprovação nos anais da história do território.
Os engenhos implantados no Brejo, a partir do século XVIII, seguiram os moldes dos engenhos do litoral nordestino, apesar de não gozarem da mesma opulência e posição privilegiada deste últimos, que foram o símbolo da aristocracia rural brasileira desde o período colonial. O surgimento dos engenhos no Brejo fez nascer uma pequena burguesia rural em torno desta atividade produtiva.
Os engenhos do Brejo não acompanharam a suntuosidade das edificações dos engenhos do litoral, mas alguns deles chegaram a alcançar um certo grau de importância econômica em relação a estes últimos, nas épocas áureas do açúcar, como os engenhos Vaca Brava em Areia, Goiamunduba em Bananeiras e Olho D’Água de Bujari em Alagoa Nova. A maioria dos engenhos do Brejo possuíam menos porte do que os do litoral, porém os edifícios dos mais antigos que restaram nesta microrregião também podem ser considerados espécimes da arquitetura dos antigos engenhos de açúcar do Brasil.
Existiam no Brejo Paraibano cerca de 294 engenhos catalogados pelo pesquisador Antonio Augusto de Almeida em 1994. Passados cerca de 240 anos, atualmente existem (dados do IBGE de 2000) 52 engenhos ativos, apesar deste número reduzido de engenhos, eles ainda permanecem em número relativamente significativo. Eles estão divididos em 28 estão no município de Areia, 5 em Alagoa Grande, 6 em Alagoa Nova, 1 em Bananeiras, 2 em Borborema, 5 em Pilões e 5 em Serraria. Destes 52 engenhos, 25 produzem apenas aguardente; 8 produzem apenas rapadura e 19 fabricam aguardente e rapadura conjuntamente.
Os engenhos não poderiam desaparecer do Brejo Paraibano, uma vez que está marcada pela tradição do cultivo e processamento da cana-de-açúcar. A manutenção de hábitos, costumes e tradições seculares, no caso e questão, em termos de produção, não sucumbiu, mesmo que apontasse alternativa neste sentido. No caso do Brejo, essa tradição produtiva vem persistindo na região por quase dois séculos e meio.

Um comentário:

  1. Luciano Cordeiro de Loyola27 de fevereiro de 2021 às 06:40

    Francisco Xavier de Miranda Henriques faleceu em 17 de janeiro de 1766 em Cabo Verde, Portugal. Segundo o registro dos autos da ação de seus irmãos, Autos de Justificação de Antônio José de Miranda Henriques e Miguel de Miranda Henriques

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